domingo, 18 de setembro de 2011

OPERAÇÃO ÁGATA II -FAB diz que tráfico faz voo em baixa altitude para burlar radar na fronteira


Para coibir o ingresso de aviões com drogas pela fronteira, o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), da Aeronáutica, e a Polícia Federal têm uma parceria que agiliza o monitoramento, interceptação e apreensão de aeronaves suspeitas. Radares fixos e o avião-radar E-99 monitoram o espaço aéreo fazendo com que aviões irregulares, sem planos de voo ou com documentação vencida, sejam seguidos e obrigados a pousar por caças da FAB.

Há locais na fronteira em que os aviões conseguem ingressar em território nacional sem serem vistos, desde que estejam em baixa altitude ou voando a até 200 metros de altura, passando próximo a árvores ou morros, conseguindo assim burlar os radares, segundo a Aeronáutica. Voar nesta altitude, em algumas situações, é proibido pela legislação brasileira. Logo adiante, os radares ou o avião-radar conseguem identificar a aeronave, diz a FAB.
Sempre que um avião ilegal é identificado, caças decolam e o interceptam, posicionando muito próximo e fazendo contato com o piloto para obter informações, como prefixo e seu destino. Isso ocorre diariamente. O piloto da aeronave suspeita é interrogado por rádio em uma frequência internacional de emergência.
Caso o piloto do avião suspeito não responda aos questionamentos, o caça da FAB pode forçar a aeronave a pousar ou alterar a sua rota. Em terra, a PF aguarda para realizar a vistoria em busca de armas e drogas e a prisão dos suspeitos.

A FAB diz que realiza com frequência operações conjuntas com o Exército e a Marinha para inibir o tráfico na fronteira e que e que o avião-radar E-99 é usado para tentar identificar aeronaves ilegais que fazem voos razantes com o objetivo de tentar passar desapercebidas pelos radares.

A Lei do Abate autoriza desde 2004 a derrubada de aviões suspeitos no Brasil. Mas antes que isso aconteça, o piloto da outra aeronave é alertado com tiros de aviso de munição traçante e não letal. Desde 2009, ao menos oito aeronaves ilegais com drogas foram interceptadas e obrigadas a pousar, mas nenhuma foi abatida.

Em um caso emblemático, em junho de 2009, tiros de advertência foram disparados contra um monomotor que estava carregado com 176 quilos de cocaína e sobrevoava a região amazônica, em Rondônia. A aeronave não chegou a ser abatida e dois pilotos bolivianos foram detidos. Em maio de 2009, outro monomotor foi obrigado a pousar após um tiro de aviso no Mato Grosso. Em terra, a PF abordou o avião e encontrou mais de 975 quilos de cocaína e derivados.
Queda de aviões ilegais
Pelo menos 18 monomotores foram apreendidos pela PF e Aeronáutica com drogas em acidentes aéreos ou pousos de emergência não programados e clandestinos desde 2006. Cinco dos casos foram em Mato Grosso e 11, em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Entre 2000 e 2005, foram só três casos. Em todos, a documentação da aeronave ou do piloto estava irregular.

Em São Paulo, duas aeronaves do mesmo proprietário que caíram com drogas em setembro e dezembro de 2010 em meio a plantações de cana. Os monomotores, de prefixo PT-EBK e PT-CDW, voavam a baixa altitude, não haviam apresentado planos de voo. Em um dos casos, toda a documentação do piloto e da aeronave estava vencida.

“Algumas aeronaves usadas pelo tráfico são de fazendeiros e legais. Outras são totalmente irregulares e tentam passar desapercebidas quando ingressam na fronteira. Desde que começou a Lei do Abate (regulamentada em 2004, que autoriza a Aeronáutica a derrubar aviões suspeitos) as quadrilhas tem tentado fazer voos de menor duração, para não serem identificados”, afirma o chefe da DRE de Mato Grosso do Sul, Antonio Kinao.
Fonte: G1

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